A primeira aparição

Domingo, 5 de Agosto de 1990

Nesse dia, Ivetka Korcakova, e Katarina Ceselkova, partiram às 7h da manhã para o monte Zvir onde os pais de Ivetka possuem uma cabana, em parte habitável no verão. Acompanhava-as Mikulas, um irmãozito de Katka.

As crianças brincaram durante todo o dia. Deviam voltar para a Missa das 17h, mas decidiram não ir. Segundo Ivetka, as famílias eram crentes, apenas por tradição. Conta ela que, em criança, pensava que quando fosse mais velha deixaria de ir à igreja, porque não fazia sentido ir à Missa e viver uma vida completamente diferente.

Ao entardecer, por volta das 18h, começaram a arrumar tudo, para voltarem para casa. Foi então que ouviram um ruído e vozes estranhas vindas da floresta e tiveram a impressão que alguém se aproximava. Fecharam a porta e, em silêncio, esperaram apreensivas, durante mais de meia hora. Mitko sugeriu então que rezassem, pois aprendera com o sacerdote, na catequese, que era o que se devia fazer, quando se tem medo. Começaram por isso a rezar, três vezes o Pai-Nosso, Avé-Maria e Glória e um Pai-Nosso Dourado (um diálogo entre a Virgem e Seu Filho, usado na Igreja Católica Oriental).
 
Em seguida Ivetka fez uma oração espontânea: “Maria, nossa Mãe, esconde-nos sob o Teu Manto”.
 
Ivetka tesremunha desta forma os acontecimentos desse dia:
 
“Eu nunca rezara com tanta intensidade. Rezámos tudo o que sabíamos e sentimos um grande e profundo desejo de pedir ajuda a Nossa Senhora. foi, para mim, uma experiência muito especial porque, até aí não tinha quaisquer relações de amizade com a Virgem Maria e jamais tivera esta sensação.
Entretanto as vozes calaram-se e, da pequena janela, via-se o pôr-do-sol. Foi tão estranho que tive de olhar com atenção pois apercebi-me da presença de uma senhora de extraordinária beleza. Não pensei que fosse Nossa Senhora, mas Ela era muito bela e o primeiro pensamento que me ocorreu foi o de chamar-lhe “Mamã”. Havia um silêncio profundo e eu sentia-me muito protegida. Inicialmente, pensei em não dizer nada a Katka, pois receei que ela pensasse que eu estava louca e se risse de mim. Esperei, por isso, que ela falasse. Ela perguntou-me:”Ivetka, viste alguma coisa?”. “Sim! E tu?” – perguntei eu. Tentámos transmitir uma à outra o que tínhamos visto e experimentado. Verificamos que tínhamos vivido a mesma experiência pelo que, concluímos que não podíamos ter imaginado a mesma coisa – o que se estava a passar era real. Foi quando Nossa Senhora se aproximou mais e veio sentar-se no banco. Não disse nada, mas eu senti, no mais profundo do meu coração, que Ela rezava por mim. Muitos peregrinos perguntam porque não falámos e eu explico que a atmosfera era tão intensa que as palavras não faziam falta e só iriam perturbar aquela paz. Tento explicar isto com o exemplo de duas pessoas que experimentam um amor muito puro e não precisam de palavras.
Nesse momento eu disse à Katka que tínhamos de nos converter e de mudar as nossas vidas.
Tínhamos de ir à confissão e à igreja; tínhamos de procurar ser muito boas com os nossos pais, para que nunca se zangassem connosco; nunca mais iríamos roubar fruta aos vizinhos e devíamos corrigir muitas outras pequenas coisas do dia a dia. Levámos tudo muito a sério e foi muito bonito verificar que bastava a presença silenciosa de Maria para provocar em nós o desejo de mudar de vida. Então eu pedi-Lhe, no fundo do meu coração:” Por favor, acompanha-nos à aldeia” (a distância da cabana à aldeia é de cerca de 4 km e já estava escuro). Nossa Senhora atendeu a minha prece, formulada apenas no íntimo do coração, e acompanhou-nos, seguindo atrás de nós até à aldeia. À entrada da aldeia há uma cruz. Aí, Ela ajoelhou e fez o sinal da cruz, depois deu mais uns passoas e desapareceu.
 
Quando cheguei a casa contei imediatamente à minha mãe que vira uma belíssima Senhora que trazia nas mãos qualquer coisa parecida com pérolas (eu não sabia ainda que era o Rosário), mas ela não acreditou. Pensou que o medo me tivesse levado a imaginar tudo”.
 
No dia seguinte a notícia era conhecida em toda a aldeia e as duas rapariguinhas procuraram o pároco pata lhe contarem tudo o que acontecera. Mas também ele não acreditou e proibiu-as de falar no assunto, dizendo que não se brinca com coisas tão sérias. Se era uma brincadeira, Deus poderia castigá-las severamente.